Archive for abril \30\+00:00 2012

A indústria de segurança de TI e a segurança da indústria de TI

abril 30, 2012

Já está no ar a mais nova newsletter da Creativante, cujo título é “A indústria de segurança de TI e a segurança da indústria de TI “, e que você pode acessar aqui, ou aqui, no formato pdf.

É a primeira de uma série que tratará sobre segurança no cyberspace, contemplando questões polêmicas tais como o CISPA- Cyber Intelligence Sharing and Protection Act, a Lei de Compartilhamento e Proteção da Inteligência Cibernética, apresentada à House of Representatives (Câmara dos Deputados) dos EUA em 30/11/2011 pelo Republicano Michael Rogers, acabou de ser aprovada (dia 26/04) nesta Casa e vai agora para o Senado.

CISPA- Cyber Intelligence Sharing and Protection Act dos EUA e o Poder Cibernético

abril 27, 2012

O CISPA- Cyber Intelligence Sharing and Protection Act, a Lei de Compartilhamento e Proteção da Inteligência Cibernética, apresentada à House of Representatives (Câmara dos Deputados) dos EUA em 30/11/2011 pelo Republicano Michael Rogers, acabou de ser aprovada (dia 26/04) nesta Casa e vai agora para o Senado.

Você sabe o que esta Lei significa e como ela se relaciona com o Poder Cibernético? E você sabe qual o seu impacto para países como o Brasil?

A partir desta segunda-feira (30/04) a newsletter da Creativante inicia uma série que procura contextualizar estas questões, colocando como a indústria de TI está no cerne desta discussão!

Aguardem!

 

Diferenças entre a indústria de segurança de TI e a segurança da indústria de TI

abril 25, 2012

Você sabe quais são as diferenças entre a  indústria de segurança de TI e a segurança da indústria de TI?

Pois bem; este é o tema da nova newsletter da Creativante, que vai ao ar nesta segunda-feira 30/04!

Não percam!

Políticas industriais que reforçam o desenvolvimento concentrador de renda

abril 23, 2012

Já está no ar a mais nova newsletter da Creativante, intitulada “Políticas industriais que reforçam o desenvolvimento concentrador de renda“, que você pode acessar aqui, ou aqui, no formato pdf!

Boa leitura!

Por que a indústria parou de crescer nos últimos anos?

abril 21, 2012

Excelente artigo do Prof. Afonso Celso Pastore, que saiu no Estadão no dia 08/04/2012, mas que só agora tive a oportunidade de ler!

==========
O ESTADO DE SÃO PAULO

Domingo, Abril 08, 2012

Por que a indústria parou de crescer nos últimos anos?

AFFONSO CELSO PASTORE

A incapacidade de responder à competição externa é uma das causas da estagnação

O setor industrial brasileiro é bastante aberto ao comércio internacional. Como câmbio real valorizado, e com os preços em dólares de produtos manufaturados exportados e importados pelo Brasil mantendo-se estáveis devido à recessão e ao baixo crescimento na Europa e EUA, crescem as importações e mantém se estagnadas as exportações brasileiras de bens de consumo. Os dois gráficos ao lado mostram que enquanto os índices de quantum exportado de bens duráveis e não duráveis de consumo vêm se mantendo estáveis ou declinando ligeiramente, entre 2009 e 2011 as respectivas quantidades importadas praticamente dobraram. A incapacidade de responder à competição externa é uma das causas da estagnação da indústria.

Mas isso não conta toda a história. O setor industrial é, também, muito menor do que o setor produtor de serviços. O PIB do setor de serviços representa mais de 65% do PIB brasileiro, empregando em torno de 60 milhões de trabalhadores, enquanto que o PIB da indústria de transformação representa apenas 25%, empregando um volume de trabalhadores muito menor, em torno de 20 milhões. Por outro lado, os dados das contas nacionais negam o “saber convencional” de que somente a indústria paga os “bons salários”. No ano de 2009 (o último dado disponível)o salário médio pago pela indústria era de R$ 15.870, enquanto o salário médio pago pelo setor de serviços atingia R$ 14.006, que é muito próximo do salário médio da indústria. Obviamente amassa real de salários do setor de serviços é em torno de 3 vezes maior do que a massa de salários paga aos trabalhadores da indústria, sendo a maior responsável pela sustentação da demanda agregada.

Atualmente setor industrial está deprimido, sofrendo com a competição externa, mas o setor produtor de serviços que não sofre essa competição está superaquecido, e se beneficia dos estímulos dados pelo governo à expansão da demanda. Como o setor de serviços é o grande empregador de mão de obra, leva a economia a operar muito perto – ou mesmo acima – do pleno emprego. Não há, assim, nenhum paradoxo no fato de que ao lado de um setor industrial que não cresce, a taxa de desemprego no Brasil é a menor da história.

Com esse comportamento do mercado de trabalho crescem os salários reais tanto no setor de serviços quanto no setor industrial. O crescimento dos salários reais não levaria a um aumento de custos de produção da indústria caso a produtividade da mão de obra tivesse crescimento semelhante. Contudo, um estudo recente do Ipea (Comunicado N.º 133) mostra que a produtividade da mão de obra na indústria não vem crescendo, o que leva ao aumento do custo unitário do trabalho na indústria. Os dados do IBGE permitem estimar esse aumento: entre 2009 e 2011 o custo unitário do trabalho (salários divididos pela produtividade média da mão de obra) na indústria elevou-se em torno de 15% em termos reais.

A elevação dos salários reais não é acarretada pelo aumento da demanda de mão de obra da indústria, que segundo os dados do Caged vem contratando muito pouco ou mesmo nada. Ela é proveniente do aquecimento do setor de serviços que acarreta, simultaneamente: o aumento da demanda agregada de bens de consumo, devido à sua contribuição ao aumento da massa real de salários; e o aumento do custo unitário do trabalho para a indústria.

O setor produtor de serviços também sofre as consequências da elevação do custo unitário do trabalho, mas, como é fechado ao comércio internacional, pode repassá-lo pelo menos parcialmente aos preços. Já o setor industrial é muito aberto, e a competição dos produtos importados limita a sua capacidade de repassar aumentos de custos para preços.

Em consequência, estreitam-se as “margens” da indústria, limitando a sua capacidade de crescer. Em grande parte os estímulos derivados do aumento da demanda doméstica “vazam” para as importações. Mas esse “vazamento” não decorre apenas da valorização cambial e dos baixos preços internacionais de produtos importados e exportados pelo Brasil, e também da elevação do custo unitário do trabalho.

Diante desse quadro, o governo acena com três reações. Primeiro, procura acentuar estímulos à demanda, quer para elevar o consumo, quer, como diz a presidente Dilma, para “libertar o espírito animal” dos empresários, levando ao aumento da formação bruta de capital fixo. Além de o BC prosseguir baixando a taxa real de juros, devem ampliar-se as pressões para expansão do crédito, com o uso dos bancos públicos. Já há alguns meses vêm caindo as taxas de 12 meses de expansão do crédito de bancos privados nacionais, o que se deve em grande parte à inadimplência elevada do crédito ao consumidor provocada pelo exagero no financiamento a automóveis em 2010, mas em contrapartida vem se elevando a taxa de 12 meses de expansão do crédito de bancos públicos, e entre eles o BNDES, que deve ser premiado com novas transferências do Tesouro.

Segundo, o governo quer evitar a continuidade da valorização cambial e, se possível, gerar algum enfraquecimento adicional do real. Para isso manterá elevadas as intervenções no mercado de câmbio e, se necessário, poderão ser tomadas novas medidas tributárias para desestimular ingressos de capitais. Terceiro, pode intensificar formas disfarçadas de protecionismo, como o uso de alíquotas diferenciadas de impostos indiretos domésticos, como aumento das alíquotas do IPI sobre produtos importados que tenham simulares domésticos, como já ocorreu nos automóveis.

Outra linha de ação é o aumento puro e simples do protecionismo. Há sinais de que o ministro do Desenvolvimento vem criticando a “timidez” do ministro da Fazenda em elevar as barreiras protecionistas e o controle da taxa cambial, e não sabemos até que ponto a presidente Dilma é simpática a ações discricionárias mais fortes neste campo.

No pressuposto de que “a demanda cria a própria oferta” o governo provavelmente vai disparar novos estímulos à demanda e novas formas de evitar os “vazamentos” da demanda para o exterior. Oque esperar?

Se no contexto de fortes estímulos à demanda doméstica o governo tiver sucesso em enfraquecer o real e/ou elevar direta ou indiretamente o protecionismo, colherá um aumento adicional da inflação. Os dados de preços mostram que a inflação de “serviços” continua elevada devido às pressões salariais. Essas pressões tenderão a se acentuar com novos estímulos à expansão da demanda. Lembremos que a contribuição maior para reduzir a inflação vem dos preços dos bens “tradables” industrializados, que se interromperá com o enfraquecimento do real e o aumento do protecionismo.

Se o governo ainda estiver comprometido com a inflação baixa, terá de limitar o enfraquecimento do real e o protecionismo.  Com isso, evitará inflação mais alta nos bens “tradables industrializados”, mas ao continuar estimulando a expansão da demanda não conterá a alta de salários reais.O mais provável, contudo, é que a perseguição de uma meta de inflação mais baixa seja coisa do passado.

Infelizmente esse é um quadro no qual não há preocupações com a produtividade e com a eficiência econômica. A busca desses objetivos não parece ter importância, mesmo porque produz resultados apenas a longo prazo, e o horizonte do governo é o do seu mandato, e não o que garanta o crescimento de longo prazo.

Carta IEDI nº 516 – A Dupla Assimetria Cambial e os Efeitos Sobre a Indústria Brasileira

abril 21, 2012

Vejam abaixo a Carta IEDI- Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial- nº 516, que me chegou ontem!

============

A Dupla Assimetria Cambial e os Efeitos Sobre a Indústria Brasileira

O tema “taxa de câmbio” é complexo e polêmico. Estudos sustentam que em um prazo muito longo as ondas de valorização cambial são compensadas por ondas no sentido inverso, de forma que no longo prazo as flutuações do câmbio sejam neutras em seus efeitos sobre o crescimento.

Na etapa atual da economia mundial, faz-se importante revisitar o tema, posto que as aberturas comerciais empreendidas nas últimas duas décadas causaram uma relação particular entre câmbio e crescimento de longo prazo. A crescente globalização da produção de bens industriais, aliada aos desalinhamentos das taxas de câmbio, podem provocar perdas irreversíveis na estrutura industrial dos países com moeda sobrevalorizada. O Brasil é um exemplo disso, e sua indústria está sob o risco de ser condenada a um atraso permanente.

Diante de significativas distorções nas taxas de câmbio dos países, por mais que as firmas se esforcem para reduzir custos e promover melhorias de eficiência, dificilmente conseguem gerar aumentos de produtividade que superam as vantagens de preço conferidas por altos diferenciais de câmbio. Esse é um dos principais problemas da indústria brasileira na atualidade, pois desde o recrudescimento da demanda e liquidez internacionais e do mercado interno de 2003 em diante a economia vive uma dinâmica em que a entrada de capitais, atraídos pelos altos juros e pelo novo dinamismo do mercado interno, vem provocando a contínua apreciação do Real vis-à-vis as outras moedas.

Paralelamente, países de empresas concorrentes das brasileiras tanto doméstica quanto internacionalmente praticam uma política cambial agressiva, com taxa real sobre-desvalorizada. Além da vantagem de preços conferida por menores custos de mão-de-obra e capital, os produtos importados da China, Índia, Paquistão, Bangladesh e outros possuem também a vantagem dos diferenciais de câmbio. Como o Brasil possui uma taxa sobrevalorizada, esta “dupla assimetria” ocasiona distorções graves nos preços dos bens transacionáveis, as quais não são cobertas e nem tampouco suavizadas de forma significativa por medidas de proteção tarifárias.

Considerando a intensidade e a persistência da escalada dos desalinhamentos entre taxas de câmbio em curso, já é hora da OMC examinar a questão dos impactos das taxas de câmbio no comércio internacional. Nesse sentido, em março deste ano foi organizado um evento na instituição, no qual o Brasil fez uma apresentação a cargo de Josué Gomes da Silva (ex-presidente e Conselheiro do IEDI, além de presidente da COTEMINAS), dos efeitos da “dupla assimetria cambial”, que é transcrita a seguir em versão livre do inglês. A principal conclusão da apresentação foi que:

“Se a dupla assimetria na taxa de câmbio é um problema brasileiro atualmente, é também uma questão sistemática que em breve poderá ser vivenciado por outros países. É verdade que as taxas de câmbio são uma decisão soberana de cada país, contudo não é menos verdade que elas impactam o comércio internacional, e portanto a OMC deveria participar da discussão sobre suas regras, funcionamento e sanções. O problema da dupla assimetria existe; e é crítico. Precisa ser enfrentado, caso contrário cada país criará sua própria solução unilateral contra a distorção. Portanto, guerras tarifárias e protecionismo devem ser evitados através de regras multilaterais aceitas por todos.”

Obs.: O leitor interessado poderá consultar a íntegra da apresentação de Josué Gomes da Silva na OMC em 27/3/2012. Poderá também acessar os estudos que deram subsídios à apresentação, respectivamente, de Vera Thorstensen, Emerson Marçal e Lucas Ferraz professores da EESP-FGV e Cristina Reis, pesquisadora do IEDI.

Panorama Geral da Indústria Brasileira. Nos últimos anos a economia brasileira logrou uma evolução positiva, interrompida apenas em 2009, ano da crise econômica mundial. Nesse período, o crescimento médio anual entre 2000 e 2011 foi de 4,2%. Cabe observar que o crescimento teve desaceleração pronunciada em 2011, em parte em razão de medidas adotadas para controlar a inflação, mas também porque a indústria brasileira teve desempenho muito fraco em função de uma forte concorrência externa favorecida pela moeda brasileira valorizada.

Em uma breve comparação internacional, cabe sublinhar que o padrão médio de crescimento do Brasil tem sido inferior ao de outros países emergentes, como a China e Índia, mas supera com larga margem o de países desenvolvidos, daí o grande atrativo que o país vem exercendo sobre os fluxos internacionais de capitais.

Uma análise mais profunda dos números revela que a performance do setor industrial brasileiro tem sido bastante fraca. A indústria de transformação teve um desempenho errático nos últimos anos. Em 2010 a produção industrial conseguiu se recuperar da profunda contração sofrida em 2009. Mas, no ano de 2011, a virtual estagnação da indústria manufatureira impactou negativamente o crescimento do PIB brasileiro.

Em 2011 a indústria sofreu fortíssimo impacto da concorrência das importações no mercado doméstico, a maior parte provinda de países com câmbio sobre-desvalorizado, enquanto o Brasil manteve a sua moeda sobrevalorizada. Os dados por setores da produção permitem identificar aqueles que enfrentaram maior concorrência externa em 2011. Os de maior retração da produção foram, por ordem, produtos têxteis, couro, equipamentos de escritório e comunicações, vestuário, maquinaria e equipamentos elétricos, produtos químicos e borracha e plástico.

Diante deste cenário na indústria, como o Brasil conseguiu manter superávit na balança comercial desde 2008 em um nível entre USD 25 e 30 bilhões? A reposta reside nas commodities e nos termos de troca favoráveis. As exportações de commodities e bens semi-manufaturados têm crescido constantemente, tendo mostrado expansão significativa em relação aos patamares pré-crise. Contudo, no caso dos bens manufaturados, o quadro é bastante distinto: as exportações em 2011 ainda não se equiparam às de 2008, em valor.

Dessa forma, o resultado da balança comercial tem se deteriorado em velocidade e intensidade assustadoras. Em 2011, o déficit de manufaturas atingiu US$ 92,5 bilhões. Cabe notar que em 2006, portanto há apenas seis anos atrás, o comércio de produtos manufaturados era superavitário em US$ 5,1 bilhões.

Em alguns segmentos o agravamento do déficit comercial foi especialmente rápido e significativo, como nos casos de produtos químicos, refino de petróleo e combustíveis, equipamentos eletrônicos e de telecomunicações, máquinas e equipamentos e veículos automotivos. Alguns poucos segmentos industriais trilharam o percurso inverso, como no caso da indústria de alimentos e bebidas e da indústria extrativa (em cujo aumento no saldo comercial foi bastante significativo).

Coeficientes de Exportações e de Penetração de Importações. A rapidez com que vêm mudando os coeficientes de penetração de importação e de exportação da indústria brasileira é reveladora do fato a esta altura incontestável de que o país está perdendo rapidamente vários setores de sua matriz produtiva. O país, conhecido por sua base industrial relativamente integrada e complexa, agora corre o risco de passar pela destruição ou desintegração de cadeias produtivas e alguns setores industriais.

O ponto a se assinalar em torno ao tema dos coeficientes de exportação e de penetração de importação diz respeito ao contraste que os dados do período mais recente (2006 a 2011) evidenciam. De um lado, vários coeficientes de exportação regrediram, como o dos setores de eletrônicos e equipamentos de informática, máquinas e equipamentos elétricos, veículos e máquinas e equipamentos, denotando a baixa competitividade brasileira, dentre outros fatores, devido a assimetria de taxas de câmbio entre o Brasil e seus concorrentes.

De outro lado, nos coeficientes de penetração de importação ocorreu o efeito oposto e reflexivo: na maioria dos setores houve maior penetração de importados por causa da menor competitividade dos produtos manufaturados brasileiros em seu mercado doméstico. Novamente, dentre outros fatores, pode-se afirmar que isto se deve em larga medida às distorções de taxa de câmbio entre o Brasil e seus países concorrentes.

Foram particularmente significativos os casos de aumentos do coeficiente de penetração de importação nos setores de vestuário, produtos metálicos, veículos, têxteis, máquinas e equipamentos elétricos, máquinas e equipamentos e eletrônica e equipamentos de informática.

Pode-se afirmar, conforme vários exemplos atestam que a assimetria cambial é o núcleo dos problemas que afetam a competitividade da indústria brasileira. Contudo, é justo reconhecer que além da assimetria outros problemas são importantes.O primeiro deles é a alta taxa de juros, dentre as maiores do mundo – o que incentiva a entrada de recursos externos e exacerba o processo de valorização da moeda brasileira. O problema vem sendo encaminhado pelo atual governo através de uma firme e sustentável trajetória de queda da taxa básica de juros. Tributação também tem sido uma ferramenta para reduzir os ganhos potenciais de operações de carrying trade. Contudo, o acelerado crescimento da liquidez internacional recentemente dificulta sobremaneira o sucesso desses esforços.

Outras questões contribuem para encarecer a produção no país: o alto preço de energia, a estrutura tributária altamente complexa e cara, o alto custo da logística, e incentivos fiscais à importação concedidos por alguns estados da federação. Todas estas questões são conhecidas das autoridades brasileiras como fatores que prejudicam a competitividade do país e vêm sendo trabalhadas, esperando-se que a médio e longo prazo contribuam para melhorar a competitividade da produção brasileira. Contudo, nenhum desses fatores pode ter seus efeitos comparados ao impacto esmagador das assimetrias cambiais.

A Dupla Assimetria Cambial. Alguns economistas vêm propondo diferentes metodologias para calcular os desalinhamentos cambiais, elaborando diferentes modelos para calcular as taxas de câmbio de equilíbrio: a paridade do poder de compra, equilíbrio da conta corrente, equilíbrio dos fluxos de ativos e passivos de um país, ou a taxa de câmbio baseada no custo do trabalho unitário. Os bancos também estimam o nível de desalinhamento da taxa de cambio a fim de antecipar flutuações futuras.

Ao revisar estes estudos, evidencia-se que a magnitude e a duração das assimetrias das principais moedas são muito significativas, e que ignorar seus efeitos sobre o comércio internacional tende a minar os objetivos do sistema de comércio multilateral existente.

Tomando-se tanto a simples comparação de um produto comum a muitos países, tal como o índice Big Mac, quanto os mais sofisticados modelos econométricos, a conclusão é a mesma: o Real está sobrevalorizado e as moedas dos principais parceiros comerciais do Brasil estão sobre-desvalorizadas. Assim, este amplamente conhecido índice mostra uma valorização do Real na ordem de 35%. Por outro lado, moedas de outros parceiros comerciais importantes do Brasil parecem estar subvalorizadas entre cerca de 40% (Rússia e China) e cerca de 60% (Índia).

Já o Credit Suisse estima que o Real é a moeda mais valorizada do mundo, com uma em cerca de 42%. Em contraste, algumas moedas estão sobre-desvalorizadas em mais de 20%. Já a instituição brasileira Fundação Getúlio Vargas estima a sobrevalorização do Real em quase 30%.

Os resultados da pesquisa da Fundação Getúlio Vargas ilustram bem o tamanho do problema cambial brasileiro. Considerando uma sobrevalorização do Real da ordem de 30%, as tarifas de importação aplicadas pelo Brasil ajustadas à taxa de câmbio tornam-se negativas para todos os grupos de produtos, gerando incentivo para a importação.

Indo mais além, se as tarifas forem ajustadas para considerar a sobre-desvalorização das moedas estrangeiras dos parceiros comerciais mais importantes do Brasil, verificamos então a dupla assimetria.

Esta dupla assimetria de taxas de câmbio apresenta uma série de consequências. A principal delas é a redução do potencial de crescimento de um país como o Brasil. Assim, a dupla assimetria na taxa de câmbio real:

Reduz a competitividade dos produtos brasileiros;

Diminui as receitas e lucratividade das exportações;

Incentiva importações, especialmente de bens manufaturados. Em decorrências, o produto nacional está sendo substituído por importados;

Inibe investimentos, tanto no setor exportador quanto doméstico;

Rompe cadeias produtivas nacionais.

Estudos de Caso: Os Efeitos da Dupla Assimetria Cambial. Há muitos exemplos do impacto causado por desalinhamentos de taxa de câmbio no Brasil, a seguir destacamos alguns que ilustram bem a gravidade do problema. O primeiro exemplo vem do setor de máquinas e equipamentos. Nos anos oitenta, o Brasil era o quinto maior produtor do setor, caindo para 14º em 2008. A penetração de importados em 2010 já atinge 38,7%.

A indústria química brasileira que é a 7ª. maior do mundo em 2010, verifica aumento acelerado do seu déficit comercial – que alcançou USD 26 bilhões no ano passado.

Até mesmo em setores em que o Brasil é muito competitivo, como papel e celulose, onde a posição brasileira em termos mundiais é destacada – respectivamente, é o 4º e o 10º maior produtor mundial – a penetração de importados mais do que dobrou desde 2004.

Em produtos têxteis e vestuário, a contração do produto e a perda de postos de trabalho são também um resultado, em boa parte, da dupla assimetria em taxas de câmbio.

O caso da empresa Coteminas é emblemático. De 2001 a 2007, logrou multiplicar em mais de seis vezes o valor das exportações. Porém, a partir de então foi obrigada a reverter a tendência e reduzir as exportações de volta aos patamares inicias. Em 2011, as exportações apresentavam resultados similares ao de 2011, e a companhia realocou a produção para outros países.

Observações Finais. Se a dupla assimetria na taxa de câmbio é um problema brasileiro atualmente, é também uma questão sistemática que em breve poderá ser vivenciado por outros países. É verdade que as taxas de câmbio são uma decisão soberana de cada país, contudo não é menos verdade que elas impactam o comércio internacional, e portanto a OMC deveria participar da discussão sobre suas regras, funcionamento e sanções. O problema da dupla assimetria existe; e é crítico. Precisa ser enfrentado, caso contrário cada país criará sua própria solução unilateral contra a distorção. Portanto, guerras tarifárias e protecionismo devem ser evitados através de regras multilaterais aceitas por todos.

As recentes políticas industriais no Brasil concentram renda?

abril 20, 2012

O modelo de industrialização brasileiro foi um forte concentrador da renda dos brasileiros.  De forma a enfrentar esta questão, a redemocratização foi marcada pela ampliação dos gastos sociais (reflexo da Constituição de 1988) para cumprir a opção por um país menos desigual.  No entanto, este caminho colocou o Brasil numa armadilha: sua opção por consumo (e gastos) está contribuindo para prejudicar a competitividade de sua indústria!

Algumas iniciativas recentes (para recuperar a competividade da indústria)  tem sido propostas (PITCE, PDP, Plano Brasil Maior, entre outras).  No entanto, estas iniciativas só tendem a reforçar o desenvolvimento concentrador de renda, e é justamente isso que vamos tratar na nova newsletter da Creativante, que estará no ar nesta segunda-feira!

Como está a estrutura produtiva do Brasil?

abril 16, 2012

Já está no ar a mais nova newsletter da Creativante, cujo título é “Como está a estrutura produtiva do Brasil?“, que você pode acessar aqui, ou aqui, no formato pdf!

A partir dela você poderá tomar conhecimento de informações sobre análises das perspectivas do investimento na economia brasileira no horizonte em médio e longo prazo, avaliações das oportunidades e ameaças à expansão das atividades produtivas no país e proposições de estratégias, diretrizes e instrumentos de política industrial que possam conduzir o país na longa travessia do desenvolvimento econômico.

Você sabe como está a estrutura produtiva brasileira?

abril 13, 2012

Nos dias atuais o que mais se houve no Brasil é que a competitividade de nossa economia está “muito aquém do que é necessário”, que estamos “desindustrializando”, que estamos virando um “país de commodities”! Afinal, o que está acontecendo com o país?

Para examinar estas questões é necessário saber como anda a estrutura produtiva de nossa economia!

Eis aí, então, o novo tema da próxima newsletter da Creativante (www.creativante.com.br), que vai ao ar nesta segunda-feira 16/04!

Deleitem-se com a leitura!

Recursos públicos ou recursos privados para inovação?

abril 8, 2012

A nova newsletter da Creativante, antecipada para hoje, traz uma discussão sobre o trade-off entre recursos públicos e recursos privados para inovação.

Boa leitura!